quinta-feira, 26 de abril de 2007

Banda Los Hermanos "dá um tempo", mas nega briga

da Folha Online


A banda carioca Los Hermanos publicou em seu site oficial um comunicado no qual informa que vai "entrar em recesso por tempo indeterminado". O conjunto nega que esteja em processo de separação.Em dezembro de 2006, o grupo fechou a turnê do disco "4", em São Paulo, tocando"Anna Júlia". A performance foi recebida com estranhamento e surpresa pelos fãs.

Segundo o site oficial, "a pausa atende a necessidade dos integrantes de se dedicarem a outras atividades que vieram se acumulando ao longo desses dez anos de trabalho ininterrupto em conjunto."

Não há previsão de lançamento de um novo álbum.O grupo também nega que tenha havido qualquer desentendimento ou discordância. "Tanto que continuamos jogando truco toda quinta-feira", brincam. O comunicado informa que, mesmo já tendo terminado a turnê do disco "4", Marcelo Camelo, Rodrigo Amarante, Bruno Medina e Rodrigo Barba farão duas apresentações no Rio, nos dias 8 e 9 de junho.

Além de "4" (2005), a banda tem mais três CDs: "Los Hermanos" (1999), "Bloco do eu sozinho" (2001) e "Ventura" (2003).

quinta-feira, 19 de abril de 2007

Saudade.

Por Viveca Santana
Tem pessoas que passam pela vida da gente por algum motivo.
Algumas para nos ensinar alguma coisa (mesmo que a gente não aprenda ), para a gente não esquecer ou simplesmente para fazer companhia e dividir coisas simples como a cama, os problemas e agruras que a vida teima em despejar ou, um banco de praça.
Tem as que passam distraídas, numa intensidade grande e marcam com sua grandeza .
Algumas dessas pessoas especiais estão indo e sinto muita falta delas. Todas de uma importância tremenda porque me ensinaram muito, sofreram comigo, me trouxeram tranquilidade na hora certa, estiveram perto nos dias de sorriso.
Algumas continuam por perto, mas a vida tem afastado, com todos os seus desacertos : porém, continuam aqui, guardadas em algum lugar do peito.
E há as que não estão mais e não tem jeito, não posso dividir um domingo ou abraço - só posso me acostumar com a saudade que não vai embora nunca (mas que é boa assim mesmo: não tem coisa melhor do que uma lembrança).
Lembrança do cheiro, do jeito de tocar, da maneira de sorrir, de um cafuné, de uma frase dita e que nunca se esquece nem com o tempo.
Esse tempo dura muito às vezes, parece uma eternidade. E Longa.
Para os que não são esquecidos nunca, por motivos diferentes : uma música, uma dança, minha pieguice e o meu amor pra sempre.
Para minha doce avó, Olívia e Taísa (e para todos os amigos queridos, de perto).
Esse é para vocês.

terça-feira, 17 de abril de 2007

O olho é o ovo do verbo

Por Gero Camilo
Revista Bravo! 03/2007


Essa semana dei-me um castigo: não possibilitei-me a escrita.
Durante todos os dias fui acumulando vontades. Palavras que vinham na mão e eu tinha que escrevê-las, mas não escrevia.
E fiquei me enchendo delas. Muitas palavras. Não fosse engordar de palavras, ainda engordava das mães. Das mães. Das mães das palavras. Senhoras magras com lençóis brancos postos ao sol. Garotas de tranças e sandálias. Sandálias nos pés e dálias nas tranças. Garotos barrigudos com pernas de cipó. Garotos cor de terra e dentes de leite.
Não fosse engordar de palavras, mães, dálias, dente de leite, ainda engordava do chão que pisa a mãe, que nasce a dália, que o telhado da casa obrigou o dente e o pedido que o menino banguela expressou sem palavra. Só com o olho voltado para Deus do céu em cima do telhado ele expressou seu pedido:
O olho é o ovo do verbo. O dente é o pretérito mais-que-perfeito da gema do sujeito. A mão é a pena da asa da terceira pessoa que seremos adiante. A língua é a crase do beijo. O pé é a vírgula do escorrego. O umbigo o adjunto da espécie. A mulher é o ponto que sobe. O homem é o ponto que desce. O verbo é olho do ovo. A letra é a digital do osso.
E nós, abstratos desejos de escrever no corpo.
E assim durante toda semana fui engordando dessas coisas. As mãos, perdendo o controle, davam de escrever no vento que roubava os pensamentos e os carregava pras nuvens, e das nuvens pros continentes diferentes do meu, e de lá para mais adiante do tempo que meu pai me deu na aldeia em que eu nasci, e de lá pro topo da montanha ir ver um homem de um outro topo de montanha de outros continentes acenando pra mim num gesto ininteligível de alegria e desespero. Não adiantava querer. Canetas escondidas. Papéis molhados. Afoguei poemas.
Deixei frases inteiras boiarem na pia. Podia até ouvir o eco no ralo das palavras que quando sós não valem nada. Podia vêlas morrer na água.
Arrepiou minha vontade. Endoideci.
...
Gero Camilo é ator, diretor, dramaturgo e escritor