segunda-feira, 23 de julho de 2007

Aracy

Por Viveca Santana

Aracy não gostava de gente.
Era uma daquelas mulheres cheias de amigos, dada ao convívio, mas no fundo não gostava de dividir sua presença.
Sua dificuldade era dividir e sentia-se bem em ostentar ares de palmatória do mundo.
O convívio simpático talvez tivesse ligação com sua teoria de sobreviver num universo de aceitação .
Era sofrido saber que dependia da sua simpatia, mesmo que inventada para coisas simples, como aguentar a uma fila de padaria ou a um elogio duvidoso que recebia, num desses encontros sorrateiros de shopping.
Filhos? "Não pretendo ter" - dizia dona de si, mesmo com os olhares de coitadinha que as outras do grupo lançavam.
Tremia quando via chegar pelo correio um convite de casamento ou recebia um ligação alegre de um dos muitos amigos, convidando para um batizado ou aniversário de criança.
Achava as cerimônias infortúnias, cansativas, via mentira nos convescotes e nos abraços e repetições de "parabéns".
Os tapinhas nas costas doíam na alma dela, como agulhas grandes.
Talvez não acreditasse na intensidade das coisas e na verdade dos homens. Ou era simplesmente pobre de espírito, sozinha, triste de ver.
Ria-se quando ouvia uma mulher (para ela eram os piores tipos, criaturas mais envolvidas em suas vaidades e fofocas) elogiar um vestido novo ou como havia melhorado em estirpe, uma das mais desengonçadas do grupo. Sabia que dali à meses seria personagem de críticas num próximo encontro, caso ousasse um sapato gasto.
Mas Aracy se debruçava mais ainda na sua dor quando percebia que era igual à todos.
Era tenso ver que não era melhor do que todos e as minúcias que a vida divertia-se em manter. Já beirava os trinta anos cheia de vícios e crises de uma existência jovem - a falta de paciência, sua teimosia que achava seu charme, a delícia de dividir sim, sua presença com os livros e a graça de não aceitar e receber ordens e conselhos.
Mal imaginava Aracy, que a vida era um aprendizado agridoce, cheio de verdades por aceitar, e cheia de dúvidas para sentir.

sábado, 14 de julho de 2007

Merchand

O TIM Festival deste ano promete. Depois da cogitação e finalmente desistência do Radiohead na edição passada, teremos este ano confirmados : Björk (que traz o seu "Volta" cheio de cores e o dedo do produtor da moda Timbaland), Arctic Monkeys, The Killers e Juliette & The Licks (atração interessante, que tem como vocalista a atriz Juliette Lewis).
Shows no Rio de Janeiro, São Paulo e Curitiba.